Partes e regressas,
numa lembrança de vida,
numa construção de água em forma de gota,
com vida feita e desfeita em ciclos de uma constância eterna.
Voltas ao mar, e sobes ao céu.
Olhas e cais novamente aqui,
no meio de tudo e de nada.
Sem escolha do lugar que te acolhe,
dirigida por nuvens e ventos,
precipitas a tua queda.
Cais sobre homens e pedras,
sobre o que nasce e o que morre,
sobre o que vai e o que fica.
Entranhas na terra ou diluis no mar.
Mas és bênção que trazes vida,
que limpas e saras a terra ferida,
e conjugas oceanos e rios,
numa união de água corrida.
Deixas de ser gota,
passas a ser pertença de algo maior,
de oceano profundo de vida uníssona
que, imenso de azul, reflecte como espelho
as outras gotas que moram no céu.
Aquelas que também cairão,
procurando-te e que encontram na diluição
o novo estado da vida.
Nesse regresso a origens ancestrais,
ao ponto da tua criação,
ao berço do teu nascimento.
És água de oceano, de livre origem,
sem barreiras de forma,
partilhas finalmente com a Natureza aquilo que és.
Água,
apenas e totalmente Água.
E nessa totalidade de pertencer a algo que te ultrapassa,
pressentes a Verdade da tua real essência,
da tua missão e daquilo a que chamam de destino.
És gota mas oceano serás!