8 de julho de 2014

Gota de água, oceano serás!



Partes e regressas, 
numa lembrança de vida,
numa construção de água em forma de gota,
com vida feita e desfeita em ciclos de uma constância eterna.

Voltas ao mar, e sobes ao céu.
Olhas e cais novamente aqui,
no meio de tudo e de nada.
Sem escolha do lugar que te acolhe,
dirigida por nuvens e ventos,
precipitas a tua queda.

Cais sobre homens e pedras,
sobre o que nasce e o que morre,
sobre o que vai e o que fica.
Entranhas na terra ou diluis no mar.

Mas és bênção que trazes vida,
que limpas e saras a terra ferida,
e conjugas oceanos e rios,
numa união de água corrida.

Deixas de ser gota,
passas a ser pertença de algo maior,
de oceano profundo de vida uníssona 
que, imenso de azul, reflecte como espelho
as outras gotas que moram no céu.

Aquelas que também cairão,
procurando-te e que encontram na diluição 
o novo estado da vida. 
Nesse regresso a origens ancestrais,
ao ponto da tua criação, 
ao berço do teu nascimento.

És água de oceano, de livre origem, 
sem barreiras de forma, 
partilhas finalmente com a Natureza aquilo que és.

Água, 
apenas e totalmente Água.

E nessa totalidade de pertencer a algo que te ultrapassa, 
pressentes a Verdade da tua real essência,
da tua missão e daquilo a que chamam de destino.

És gota mas oceano serás!