12 de agosto de 2007

Criador de Mundos




É nostalgia. É dor.
É sentimento absurdo e do Absurdo.
Não se pensa, só se sente.
Aqui.
Fundo.
Âmago celerado.
Acto contínuo.
Lágrima libertadora.
Ansiedade profunda.
Beijar é querer.
Querer amar, querer alguém.
Unir e juntar.

(Gasto-me a pensar como o lápis a escrever. Analogias e simetrias de uma alma com um objecto.)

Querer tudo e nada querer.
Imortalizar o mortal pensamento e olvidar a essência única de um ser.
Maravilhoso criador de mundos.
Criador de mundos que vive em mundo nenhum.
De tanto idealizar, o idealista tornou-se ideia de mundo.
E como toda a ideia desvanece-se como nuvem em tarde de chuva.

Da vida emprestada...




Já não tenho vida.
Vivo a vida emprestada pelos outros.
Faço colagens das histórias das outras vidas.
Junto tudo, no pacote instantâneo, para não ter o trabalho de pensar e achar o vazio da minha vida.
Ouço, vejo e reproduzo.
Os arquétipos, as frases, os risos, as aventuras, os amores, os inimigos, os sentimentos, as emoções.
Tudo copiado, feito em clonagens de repetição meticulosa e inconsciente.
Não tenho tempo para parar e reflectir... 
Ou se tenho não tenho coragem de o fazer,
E reconhecer que o buraco negro, feito novelo, tece a minha vida de cima para baixo e de baixo para cima.
Nem quero lutar.
Quem sigo, o que digo, o que penso?
Não sei. 
Nem quero saber.
O instante é o meu objectivo único.
A vida própria é a divina utopia.

Indefinições



No dia procuro a noite
E na noite tenho saudades do dia!

A indefinição duma alma que se perde em desequilíbrios contínuos,
e se equilibra em instantes desaparecidos.
Há muito que não te sinto. 
Há muito que não te vejo.
Há muito que tu me fazes falta.

Quero voltar a estar contigo.
Tu és o meio e eu o fim. 
Em ti sou feliz.
Sinto-me preenchido naquele lugar desabitado a que chamam coração.
Tens o Dom de me fazer alegre, espontâneo, e és tu o amor sério.

Mas quero criar divisões onde elas não existem.
Só existem planos diferentes. 
Mundos de distância.