12 de agosto de 2007

Da vida emprestada...




Já não tenho vida.
Vivo a vida emprestada pelos outros.
Faço colagens das histórias das outras vidas.
Junto tudo, no pacote instantâneo, para não ter o trabalho de pensar e achar o vazio da minha vida.
Ouço, vejo e reproduzo.
Os arquétipos, as frases, os risos, as aventuras, os amores, os inimigos, os sentimentos, as emoções.
Tudo copiado, feito em clonagens de repetição meticulosa e inconsciente.
Não tenho tempo para parar e reflectir... 
Ou se tenho não tenho coragem de o fazer,
E reconhecer que o buraco negro, feito novelo, tece a minha vida de cima para baixo e de baixo para cima.
Nem quero lutar.
Quem sigo, o que digo, o que penso?
Não sei. 
Nem quero saber.
O instante é o meu objectivo único.
A vida própria é a divina utopia.