26 de janeiro de 2007

Escrevo para me libertar!




Escrevo para me libertar.
As amarras da vida são tantas
que o ser dividido se quer exorcizar
da luta constante…
na luta constante…
A busca do ideal imaginado
que ao longo do caminho procuramos,
só para alcançar a Verdade,
na nossa única sensação de dignidade.
Procuramos nos outros e em nós
as razões da Vida,
as razões deste movimento de emoções.
Olhares interrogativos do passado e do presente,
procuram sempre o futuro do nosso querer, ser e estar.
Os nossos sonhos e ambições…
Dos outros as realidades e ilusões…
Tudo o que se diz e não se faz, queremos então concretizar.
Procurar…encontrar… …
Mas muitos não o procuram, poucos o encontram…
O ser dividido subsiste no final
tem a imagem de alguém que o espelho reflecte,
a visão do impossível que acontece
num sono profundo e glacial.

23 de janeiro de 2007

A Cega




A mão que se estende pedindo ajuda a quem passa.
Estende-se cansada de uma vida de migalhas dos outros.
Procura o conforto de uma palavra que nunca tem,
de um sorriso que nunca vê,
de um gesto que nunca sente.

Aquela mão que se envergonha de si própria por pedir.
Aquele grito interior de esperança e o suspiro de dor que o acompanha, abafando-o.
A esperança de viver feliz, o suspiro de morrer só.
A cega pede e as pessoas passam.
Indiferentes à sua existência,
à sua dor,
ao seu cansaço.

Aqueles indiferentes como tu.
Como eu.