13 de outubro de 2009

Em ti...





É noite.
Lá fora o silêncio.
O mundo que se calou.

Aqui dentro... a nossa cama.
Propriedade conjunta de desejos e entregas mútuas.
Dormes e andas nos teus sonhos.
Sinto o teu respirar.
Suave. Silencioso.
O teu peito ergue-se na respiração doce de ti sonhadora.

Olho para ti.
Os cabelos ocultam parte do teu rosto.
Os lábios entreabertos parecem sorrir.
Os lençóis deixam antever os contornos do teu elegante corpo.

Admiro-te.
És um quadro puro de beleza simples.
De harmonia universal.
A perfeição de alguém que se diz criador de mundos.

Tu não sabes mas sempre que adormeces…fico vigilante.
Por puro prazer de te ver.
Assim tranquila.
Docemente deitada.
Numa poesia sem palavras.

Uma lágrima singela nasce dos meus olhos.
Feliz catarse.
O sentimento de plenitude.
O conforto da completude
Aqueles sentimentos de que os poetas falam e os deuses possuem.

É noite.
Aqui dentro... neste silêncio,
descubro o meu mundo.
Em ti.

7 de outubro de 2009

No teu corpo...



O meu desejo pelo teu corpo…
Pela tua carne.
Macia e doce.
Pelo dedilhar da tua pele encostada na minha.
Nua e quente.
Pelo teu cheiro, que me envolve em espirais de mil vontades.
Ébrio e escaldante.

E quando os nossos olhos se prendem, surge um puro desafio de domínio.
De gulosos animais, sedentos de mostrar quem mais fome tem, 
na competição de um fogo interior que nos consume.
Que nos exalta!
Que nos move!

As mãos que descobrem caminhos.
Agarrando, apalpando, provocando.
Entregamo-nos num diálogo em que tudo é dito e nada escondido.
Livres da prisão das palavras.

E os lábios que se juntam e se queimam nas línguas molhadas enlaçadas.
O combate dos nossos corpos movidos por ensejos despertados,
numa harmonia animalesca e caótica.
A busca desenfreada de dizer paixão e desejo numa língua única.
A nossa!

Procuro e encontro-te!

Aqui somos nós! 
As nossas vontades! 
As nossas regras!
A nossa lei!

O nosso fogo que promete outro fogo, que não é deste mundo.
As ânsias do embate dos nossos corpos na contínua busca do prazer.
Do nosso prazer.
Teu e meu. 

Nos nossos corpos…
A criação de um mundo exuberante, frenético e caótico. 
Onde o fim e o inicio, o alfa e o ómega, só subsistem mas não ordenam.
Consumidos pelo desejo animal que sempre nos pertenceu.

E depois…
A explosão que nos atinge elevando-nos à condição de deuses.
Livres e resplandecentes.

No teu corpo…o meu desejo!
O nosso mundo!