24 de setembro de 2007

E eu aqui!


O Mundo corre, a vida passa.

E eu aqui!
Os risos dos novos e os sorrisos dos velhos. 
Que trespassam o ar carregado.
Os sonhos, as emoções e sensações dos apaixonados.
Homens e bichos.

E eu aqui!
As filosofias, as religiões e as políticas que enchem corações fazendo adeptos.
A loucura e a sabedoria dos cientistas. 
Os avanços e recuos da tecnologia.

E eu aqui!
A felicidade e a miséria de mãos dadas a toda a hora, por todo esse Mundo.

E eu aqui!
As vidas de todos e de tudo que se conjugam. 
Que interagem em movimento fazendo mover. 
Tudo!

E eu aqui!
E eu aqui. 
Parado. 
Em movimento estagnado.
Perdido dos outros. 
Perdido de mim!

Grito mudo!



Grito!
Ninguém me ouve.

Estou só.
Preciso de espaço. De liberdade…
Continuo preso.
Aqui! 
Parado!

Grito pela minha liberdade. 
Pela total liberdade.

No entanto não posso ser totalmente livre.
Os outros… 
que desapareçam os outros.
Aliás, todos.

Não! Todos não!
Aqueles que me protegem e amam merecem o meu amor. 
Merecem que me prenda por eles.

Grito! 
Grito cansado.
Estou cansado do conflito, da luta constante.
Estou exausto desta guerra... quero outra!
Aliás, não quero nenhuma. 
Quero paz!

Procuro o lugar, o algo, o alguém que me dê paz.
Não encontro e desanimo.
O nada preenche-me.
A frustração enche-me.
Não sei se é de ser exigente, se é dos outros serem insuficientes.
Grito!
Mais uma vez… Talvez a última.

Ninguém dos presentes ouve, todos os ausentes o sentem.
Sentimento de desespero. 
Inércia de vida.
O felino enjaulado está pronto para o circo - Estou domado!
Abalo a rotina, o hábito mas estes não caem.
Continuam firmes a invadirem todos os dias da minha vida.
Dias e noites. 
Noites e dias.
Luto comigo e com os outros.
Em todas as frentes.
As interiores e exteriores.
Estão exaustas.
Estou cansado de lutar…

Só há um caminho.
Óbvio. 
Claro.
Mas luto novamente.
Não quero cair na vulgaridade.
Eu não sou vulgar…

Grito!
Grito mudo…