8 de julho de 2014

Pai



Agarro-me às memórias na tua ausência,
às boas e menos bonitas.
De igual direito vivem em mim 
e fazem renascer-te aqui.

Não sei mais no que acredito:
vida eterna ou reencarnação.
Apenas sei que vives em mim.

Trago-te contigo em tantos gestos,
em tantas palavras, 
em tantos traços físicos que comungo,
em gostos, manias e teimosias.

Sou prova da tua existência, 
do teu percurso de vida terrena.
Sou vislumbre para os outros da tua presença,
lembrança viva do teu corpo e do teu jeito.

Sou sempre mais do que eu!
Descobri que sou eu e tu ao mesmo tempo,
para todos aqueles que te amaram 
e ainda te trazem no coração.

Sou pedaço de vida minha e também tua,
e assim a saudade enche e transborda,
quando te vejo também em mim, 
reflectido por um espelho,
que mostra pai e filho.